11 dezembro 2006

A ONU e o programa de desarmamento

Alguns números sobre armas

Da conferência internacional, de 26 de Junho, que teve lugar em Nova Iorque para discutir o Programa de Accção da ONU para erradicar as armas de pequeno porte e que tinha sido lançado cinco anos antes, convém reter alguns dados:

- 639.000.000 é o número de armas ligeiras em circulação pelo mundo;
- durante os 15 dias da conferência terão morrido sob o efeito deste tipo de armas 12.000 pessoas;
- anualmente estas são causadoras de 60% a 80% das mortes em conflito;

- 14.000.000.000, para mais, é a produção mundial diária de balas, número suficiente para abater, duas vezes, a população do planeta;
- 8.000.000 é a produção diária de armas, levando à morte de 1.000 pessoas por dia.

O exemplo da Kalashnikov AK-47:

- foi produzida em, pelo menos, 14 países de quatro continentes;
- é usada pelos exércitos de 82 países;
- estima-se que existam 100.000.000 em todo o mundo;
- preço de custo 30 dólares;

Se considerarmos que o preço das suas munições, no mercado negro de Bagdad, corre à volta de 30 cêntimos de dólar e que, em média, as vítimas são abatidas com oito balas, podemos concluir que o custo de uma vida na capital iraquiana ronda os 2,4 USD ( 2 € ? )...

Pese o exposto e citando o inventor de tal máquina:

"Perguntam-me muitas vezes se me sinto culpado pelo sofrimento causado pela AK-47. Mas não cabe aos criadores assumir a responsabilidade pelo destino das armas, são os governos que devem controlar a sua produção e as suas exportações."

E a cada um a responsabilidade de fazer o devido uso de qualquer que seja a criação.

Para saber mais sobre a campanha:

http://www.controlarms.org/
http://www.amnistia-internacional.pt/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=45&Itemid=101

1 Comments:

At segunda-feira, dezembro 11, 2006 1:26:00 da manhã, Blogger rjms said...

"ONU revê programa contra armas ligeiras


Helena Tecedeiro

Cinco anos após o lançamento do Programa de Acção da ONU para erradicar as armas de pequeno porte, os representantes dos Estados membros inciaram, ontem em Nova Iorque, uma reunião destinada a tornar mais eficazes os mecanismos de luta contra o comércio ilegal. Durante duas semanas, os delegados e representantes da sociedade civil vão rever o programa que pretende controlar um mercado avaliado em quatro mil milhões de dólares anuais.

"Estas armas são ligeiras, mas causam uma destruição maciça", disse o secretário-geral da ONU na sessão de abertura da conferência. Kofi Annan recebeu uma petição de Julius, o milionário queniano que sobreviveu após ser baleado. O documento, constituído por um milhão de fotografias que representam as vítimas mortais destas armas desde 2003, exige o controlo das mesmas, que eliminam, em média, mil pessoas por dia.

Segundo dados da organização Controlar as Armas existem 639 milhões de armas de pequeno porte a circular no mundo. Todos os dias são produzidos mais oito milhões, usadas sobretudo para "alimentar conflitos violentos, repressão estatal, crimes e abusos domésticos", pode ler-se no site da campanha que reúne 600 ONG entre as quais a Amnistia Internacional, a Oxfam e International Action Network on Small Arms (IANSA).

Annan lamentou a proliferação descontrolada de armas ligeiras e aplaudiu os esforços da sociedade civil nesta luta e elogiou os responsáveis pela petição que disse esperar que ajude a atingir o objectivo principal: salvar vidas.

As ONG representadas em Nova Iorque propõem uma nova abordagem para resolver o problema: os governos devem assumir a responsabilidade pelas armas que vendem. Esta medida, que já se aplica às armas de destruição maciça, vai no sentido da proposta apresentada pelo Reino Unido em Abril e aprovada por 11 países africanos. Os outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança - EUA, China, França e Rússia - ainda não manifestaram o seu apoio a este plano. As cinco potências são responsáveis por 88% das exportações de armas.

Em declarações ao New York Times antes da conferência, Annan referiu que os líderes mundiais estão hoje mais preocupados com as armas de destruição maciça do que com as de pequeno porte, apesar de estas serem responsáveis pela maior número das mortes em conflitos como os do Congo ou do Darfur: anualmente, são responsáveis por 60% a 90% das mortes em conflitos."

DN, 27-7-2006, pág. 12

http://dn.sapo.pt/2006/06/27/internacional/onu_reve_programa_contra_armas_ligei.html

 

Enviar um comentário

<< Home