18 abril 2007

Virginia Tech

Não, não e não!

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=238811&idselect=9&idCanal=9&p=200

http://jn.sapo.pt/2007/04/16/portfolio/Ataque_em_universidade_nos_EUA.html

http://video.msn.com/v/us/msnbc.htm?f=00&g=925bc281-ce20-439e-9682-8cc58066b2bf&p=hotvideo_m_vatech&t=c3556&rf=http://www.msnbc.msn.com/&fg=

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=238913&idselect=91&idCanal=91&p=200

Basta de tamanha estupidez.

Em Shane, ( quem não conhece o filme ? ):
"Uma arma é tão boa ou tão má como aquele que a usa"

14 Comments:

At quarta-feira, abril 18, 2007 1:14:00 da manhã, Blogger rjms said...

Atirador mata 32 pessoas na universidade

Jorge Pinto *

Foi um massacre. Um verdadeiro massacre. O pior de sempre nas escolas dos Estados Unidos da América. Morreram 33 pessoas, incluindo o homem que disparou, e 26 estão hospitalizadas. Desta vez aconteceu na Universidade Técnica da Virginia, mas há oito anos foi no Liceu Columbine, no Colorado. E, tal como então, a sociedade norte-americana voltará a ser sacudida pelo debate em torno do acesso às armas e da cultura de violência.

De acordo com fontes policiais, um único homem terá sido o responsável pelos dois tiroteios que ocorreram em dois edifícios distintos da universidade. O presidente da instituição, Charles Steger, indicou que a primeira chamada de emergência para a Polícia aconteceu às 7.15 horas da manhã locais (12.15 em Portugal). Quando as autoridades chegaram a um dos maiores edifícios da universidade, conhecido como Ambler Johnston Hall, que serve de residência a 895 estudantes, encontraram dois corpos.Cerca de duas horas depois, o atirador voltou a disparar, na Faculdade de Engenharia Norris Hall, situada do outro lado do campus universitário. Foi no segundo tiroteio que morreu a maioria das vítimas, estudantes sobretudo, que estavam dentro da sala de aulas. Foi também aqui que o assassino se suicidou, segundo revelou a Polícia.

Razões para tamanha tragédia ainda não são conhecidas. Sabe-se apenas - pelo menos era essa a informação disponível à hora do fecho desta edição - que o atirador não tinha identificação consigo e que estava na posse de duas pistolas de múltiplas munições.

"A maioria das vítimas foi alvejada na sala de aulas", disse o chefe da Polícia. "Hoje, a Universidade foi atingida por uma tragédia que consideramos de proporções monumentais", afirmou Charles Steger. "A Universidade está em choque, realmente horrorizada", completou.

Após o tiroteio, todas as entradas foram fechadas e as aulas suspensas. As informações sobre o que se tinha passado no interior do campus foram chegando a conta-gotas, ora através da página da universidade na internet, ora levadas pelos próprios estudantes. Foram eles, aliás, que deram conta do "caos" que se viveu no recinto universitário, ao ponto de alguns alunos se terem lançado pelas janelas para escapar ao agressor.

Foram também eles que se queixaram de não terem sido feitos avisos públicos, dentro do campus, após o primeiro tiroteio. Segundo contam, apenas receberam um e-mail mais de duas horas após o sucedido na área residencial, ou seja, mais ou menos quando o atirador voltou a atacar. A reacção do presidente da instituição não tardou as autoridades acreditavam que o primeiro tiroteio era apenas uma disputa doméstica e que o assassino já teria abandonado o recinto. "Não tínhamos motivos para pensar que iria ocorrer outro incidente", justificou.

"Nada foi feito"

As manifestações de pesar foram surgindo um pouco de todo o lado, com desatque para a do presidente George W. Bush (ver caixa), e algumas vozes voltaram a relançar o tema do acesso às armas. "Ainda falta apurar as motivações do atirador e como obteve as armas. De qualquer forma, sabemos como é fácil para um indivíduo conseguir armas potentes neste país", disse à France-Presse Paul Helmke, presidente da "Campanha Brady para prevenir a violência com armas de fogo."

"Há oito anos, os jovens de Littleton, no Colorado, sofreram um ataque horrível no Liceu Columbine, e há seis meses cinco jovens foram mortos numa escola amish da Pensilvânia. Nada foi feito neste país para pôr fim à violência com armas nas escolas e comunidades. Pelo contrário, tornámos mais fácil o acesso a armas potentes", acrescentou. "Chegou a altura de tomar medidas sérias para impedir que estas tragédias continuem a suceder".

"Continuamos a perder mais de 30 mil pessoas por ano nos EUA devido à violência com armas", disse, por sua vez, Ladd Everitt, do movimento "Stop Gun Violence".

* Com Pedro Olavo Simões

Bush triste e chocado

"As escolas deveriam ser locais de segurança, refúgio e aprendizagem", disse George W. Bush, "triste e chocado" com o massacre. Numa reacção difundida pela televisão, o presidente americano disse que, "quando esse refúgio é violado, o impacto é sentido em cada sala de aulas americana, em cada comunidade americana".

Tendo falado com o governador da Virginia, Timothy M. Kaine, e com o presidente da Virginia Tech, Charles Steger, Bush disse ter-lhes trasmitido que as vítimas e todos os membros da comunidade universitária estavam presentes nas orações, não apenas dele e de Laura Bush mas de toda a nação americana "Guardamos as vítimas nos nossos corações. Erguemo-los nas nossas orações e pedimos a Deus que conforte os que hoje estão em sofrimento".

Bush, que falou a partir da Sala Diplomática da Casa Branca, garantiu ainda o apoio da Administração no rescaldo do ataque.

JN, 17-4-2007

 
At quarta-feira, abril 18, 2007 1:44:00 da manhã, Blogger rjms said...

Tiroteio faz 32 mortos numa escola dos EUA

MANUEL RICARDO FERREIRA,
Nova Iorque

Pelo menos 32 mortos e mais de 20 feridos. É este o balanço do pior massacre de sempre numa escola dos EUA. Ontem ao final do dia, ainda não se conheciam as razões que levaram um jovem a entrar no campus da Universidade Virginia Tech, em Blacksburg, no estado da Virginia. As autoridades locais revelaram que o atirador, que terá agido sozinho, está morto. Inicialmente, recusaram entrar em detalhes, mas depois afirmaram que ele se tinha suicidado.

Segundo os testemunhos dos alunos, pouco passava das 7.15 (mais cinco horas em Lisboa) quando se começaram a ouvir os primeiros tiros num dos dormitório. Foi feita uma chamada para o 911 (número de emergência nos EUA). A polícia chegou ao local e começou então a investigar o que aconteceu no dormitório que aloja 895 alunos. Mas as versões eram contraditórias.

Testemunhas afirmaram ter visto um homem e uma mulher. Outros alunos disseram que o atirador era um homem com traços asiáticos, na casa dos 20 anos, que estava fortemente armado e foi ao dormitório procurar a namorada. Segundo Wendell Flinchum, o chefe da polícia da universidade, no dormitório foi morto um estudante.

A direcção da Virgínia Tech enviou, então, e-mails a todos os alunos, a alertá-los para se manterem dentro da escola e afastados das janelas enquanto as autoridades procuravam o autor dos disparos.

Duas horas depois, no segundo piso de um dos edifícios do Departamento de Engenharia, o Norris Hall, a mais de 600 metros do dormitório, foram ouvidos mais tiros. Fechados dentro das salas de aulas, os estudantes entraram em pânico e alguns saltaram pelas janelas.

As televisões americanas mostraram imagens dos polícias a correr pelo campus, de arma em punho no meio da neve que caia na Virgínia. Um aluno de jornalismo fez um vídeo em que se viam pessoas em pânico procurando abrigo enquanto se ouviam tiros.

Momentos de pânico

Josh Wargo, estudante de engenharia que foi entrevistado pela cadeia de televisão ABC, explicou que "ouvimos uns 40 ou 50 tiros. Logo aos primeiros disparos, atirei-me pela janela. Quando cheguei ao chão, percebi que estavam a disparar das janelas e tinha que fugir dali. Alguns dos meus colegas que também tinham saltado estavam feridos, mas sem gravidade. Um deles disse-me que o meu professor tinha levado um tiro na cara, mas não sabia se tinha ou não morrido".

Os hospitais da região deram conta de pelo menos 21 feridos; a maior parte com ferimentos de bala, outros com fracturas após terem saltado pelas janelas.

Gina Om, também estudante de engenharia, disse que "estava verdadeiramente assustada, porque o Norris Hall é o edifício em que tenho todas as minhas aulas, onde fica o meu Departamento. Isto é surrealista, sempre pensei que a Virgínia Tech era extremamente segura, e essa foi uma das razões por que decidi vir para esta escola."

Jason Piatt, outro aluno, queixou-se à CNN da lentidão das autoridades em darem o alarme: "O que aconteceu hoje é ridículo. Não sei o que passa pela cabeça desta gente." O estudante disse estar "furioso porque alguém morreu num dos dormitórios às 7 da manhã e o primeiro e-mail que recebi do campus foi às 9.22, duas horas mais tarde. Quando me mandaram esse e-mail, já tinham morrido mais 22 pessoas".

A polícia aconselhou os alunos a manterem-se dentro das salas de aula e com as portas fechadas. O aviso foi repetido pelos altifalantes da universidade: "entrámos em estado de emergência. Por favor procurem abrigo dentro da escola".

Até ao final do dia, a polícia não divulgou a identidade do assassino. Este novo massacre numa escola americana não pode deixar de trazer à memória o caso de Columbine.

Em Abril de 1999, dois alunos do liceu de Littleton, Colorado, entraram no estabelecimento armado com revólveres e bombas artesanais. Mataram 12 alunos e um professor antes de se suicidarem.

Fundada em 1872, a universidade de Virginia Tech tem instalações espalhadas pelas Blue Ridge Mountains do sudoeste da Virgínia. Com mais de 25 mil alunos num campus com 1 500 quilómetros quadrados, é o maior estabelecimento de ensino daquele estado.

DN, 17-4-2007, pág. 2

 
At quarta-feira, abril 18, 2007 11:20:00 da tarde, Blogger rjms said...

Imprensa Internacional

Massacre da Universidade da Virgínia: atraso de duas horas
na reacção das forças de segurança deveu-se a um a avaliação
errada do primeiro tiroteio, escreve o The New York
Times. O jornal sustenta que “a reconstituição dos factos
feita pela polícia provou que a primeira chamada de emergência
chegou à esquadra de Blacksburg às 7h15. Num dormitório
os agentes encontravam duas vítimas, um casal. Os
investigadores actuaram como tendo sido um crime isolado,
acreditando que o suspeito era um dos mortos.
Este lapso possibilitou que o atirador vagueasse pelo campus
durante mais duas horas com os resultados que são conhecidos”
refere o The New York Times.
As réplicas do massacre da Virgínia continuam hoje a sacudir
as primeiras páginas dos jornais europeus. A foto do estudante
sul-coreano, de 23 anos, é reproduzida na capa do The
Sun sob a manchete “a face do ódio”. O The Independent
indica que o atirador “tinha já um historial de comportamento
depressivo e violento”.
As causas do massacre são também alvo de atenção dos editoriais.
O ABC defende que “não há nada de novo desta tragédia,
com excepção do arrepiante número de vítimas e da
falta de reacção, num primeiro momento, de polícias e professores,
que teria salvo muitas vidas”. O jornal sustenta
ainda que “a realidade demonstra a dificuldade da sociedade
norte-americana em se proteger de uma variante criminosa
tão irracional como incompreensível e que sempre ressurge
de forma inevitável”. O editorial do ABC sustenta que a
“talvez a única certeza indique que estas tragédias estão
todas ligadas à particular relação da sociedade norte com as
armas de fogo”. O jornal sublinha que este elemento “da
sociedade armada” “não será o único factor, mas é seguramente
o mais relevante” na explicação de tragédias como a
do campus da Virginia Tech. O conservador ABC, conclui o
editorial, sublinhando que se “os norte-americanos pretendem
levar até à última consequência o seu pensamento clássico
sobre armas, a solução não pode ser outra que não a de
deixar os estudantes armados para que se possam defender
na sala de aula. Se vencer a tese contrária então as leis
devem mudar para que adquirir uma arma não seja mais fácil
que comprar um simples isqueiro como, agora acontece, nos
Estados Unidos”.

Por José Bastos

RRP1, 18-4-2007

 
At quarta-feira, abril 18, 2007 11:52:00 da tarde, Blogger rjms said...

Atirador dormia junto às vítimas

Pedro Olavo Simões

Tinha 23 anos, o autor do massacre na Universidade Virginia Tech, que se suicidou depois de abater 32 pessoas. Cidadão da Coreia do Sul, Cho Seng-hui estava na América desde criança, era finalista e, como é costume ouvir-se em casos similares, nada fazia prever uma desgraça destas, embora já haja rumores de que era um rapaz perturbado. Por que o fez? A generalidade das fontes internacionais dizem não haver pistas, mas a "SkyNews" garante que o estudante de Inglês era autor de textos "perturbados" e que terá havido um rastilho passional a desencadear a carnificina.

Sendo ou não real essa informação não confirmada, de acordo com a qual o atirador terá morto a ex-namorada, depois de esta acabar com a relação, é consensual, na comunidade académica, que Cho era um solitário, o que, inclusivamente, está a dificultar o esforço das autoridades para traçar um perfil a morada dele era no próprio Estado da Virginia, embora estivesse normalmente alojado no campus, e vivia nos EUA desde 1992, tendo entretanto obtido a carta verde, isto é, uma autorização permanente de residência.

Raiva e estupefacção

Enquanto de todo o Mundo chegam reacções de solidariedade (incluindo do arqui-inimigo Irão), mas, também, de crítica em relação às leis americanas sobre uso e porte de armas (ver caixa), os Estados Unidos permanecem num misto de raiva e estupefacção, de costa a costa. No local do massacre, o dia seguinte serviu para uma primeira cerimónia de evocação das vítimas, em que participou o presidente George W. Bush, além de toda a comunidade da Virginia Tech, envergando as cores bordeaux e laranja da universidade. "Os nossos corações e espíritos convidam-nos a unir esforços para que possamos compreender o incompreensível, dar sentido ao que não faz sentido e encontrar formas de a nossa comunidade se restabelecer", disse Charles Steger, presidente da instituição, num discurso longamente aplaudido.

No terreno prossegue a investigação, que é, também, um esforço para varrer os despojos físicos e emocionais da tragédia, criando condições para que a normalidade possa impor-se rapidamente. Segundo um porta-voz, o corpo do suposto atirador, que apresentava indícios de suicídio, foi encontrado no Norris Hall, um edifício de salas de aulas, junto a diversas vítimas. Havia corpos, ainda, em três outras salas e numa escadaria, compondo aquilo a que Steve Flaherty, da Polícia Estadual da Virginia, chamou, "uma cena de crime horrífica".

Foram encontradas nesse edifício duas armas - 9 mm e 22 mm -, sendo certo que uma delas foi usada no primeiro tiroteio, em que morreram duas pessoas (a ex-namorada e um monitor que tentou interferir, segundo a "SkyNews"). Embora os investigadores digam que tudo indica ter sido Cho o único envolvido, é também certo que a possibilidade de haver um segundo atirador não foi ainda descartada.

De acordo com "ABC", as duas armas eram do sul-coreano, que comprou a primeira em Março e a segunda na semana passada. Os repórteres daquela cadeia de televisão deram conta, ainda, de que o atirador deixou, no dormitório, uma mensagem de várias páginas, de que ressaltava a frase "Vocês levaram-me a fazer isto". Segundo o "The Washington Post", fontes policiais descreveram o documento como "uma espécie de manifesto".

Das 33 pessoas que morreram na fatídica manhã de segunda-feira, além do atirador, apenas 14 haviam sido incluídas, à hora do fecho desta edição, na lista de vítimas identificadas, que comporta estudantes e docentes.

Ter armas quase sem restrições

"Sendo necessária uma milícia bem regulada para a segurança de um Estado livre, o direito de o Povo possuir e portar armas não será infringido." - Em 25 palavras está a base da proliferação de armas, nos EUA, e da facilidade com que são adquiridas, em contraste com as restritivas leis europeias. Trata-se da Segunda Emenda à Constituição americana, que remonta aos primórdios do país e é devida a um variado leque de causas, permanecendo firme, como salvaguarda de defesa da propriedade privada, um dos pilares dos estados liberais. Embora a lei varie de estado para estado e haja, até, nichos restritivos (é muito mais difícil ter armas na cidade de Nova Iorque do que no resto do Estado), a regra geral é simples comprar uma arma de fogo é mais fácil do que obter uma licença de pesca em Portugal. A "National Rifle Association", lóbi que apoiou George W. Bush, é a principal voz em favor da livre posse de armas, defendendo que ao Estado cabe proteger a sociedade, mas cada cidadão deve promover a própria protecção. A Administração Clinton aprovou a "Lei Brady" (homenagem ao assessor de Ronald Reagan, que, ferido no atentado contra o presidente, em 1981, se tornou activista pela restrição), pela qual era preciso esperar cinco dias para adquirir uma arma, após o que foi criada uma base de dados que os armeiros licenciados têm de consultar, em busca de impedimentos do comprador. Com Bush, em vésperas da eleição de 2004, foi levantada a proibição de venda de armas semiautomáticas decretada por Clinton. E há ainda as feiras de armas, onde é possível comprar armas de guerra sem qualquer controlo.

JN, 18-4-2007

 
At quarta-feira, abril 18, 2007 11:55:00 da tarde, Blogger rjms said...

Ansiedade em palavras nos blogs de estudantes

"Eu e os meus amigos saímos da aula por volta das 9.50. Andámos pelo campus, havia vento e flocos de neve no ar. As sirenes estavam longe, mas vi um carro da Polícia, a 80 [milhas por hora], a descer uma das ruas. Estranho." - Assim começou Bryce, um estudante da Virginia Tech que, confinado ao quarto, foi descrevendo no seu blog as emoções de um dia que jamais esquecerá. Emoções que vão da serenidade inicial à raiva incontida, quando se apercebeu do que estava realmente a acontecer "O primeiro tiroteio começou às sete da manhã. Às nove, fui a uma aula. E não fecharam as portas do campus antes das 10. Morreram mais vinte e uma pessoas porque a Universidade nada fez durante três horas".

Quase tão grande é a perplexidade de quem lê como a de quem escreve. Bryce filmou o que viu da janela e disponibilizou no blog. Carros a passar, pouco mais. Chorou com palavras, com palavras rezou "Ultrapassámos Columbine. Por favor, Deus, faz com que lá não esteja nenhum dos meus amigos!".

Pensando em directo para o Mundo, contactando com amigos, despejando ali, texto após texto, "a raiva, a perda, a dor", Bryce tornou-se símbolo dos sentimentos de toda a comunidade. "O tempo está suspenso", escreveu, numa nota feita de ansiedade "Só sei que há uma lista. Uma lista em que poderá estar um amigo, ou vários. Uma lista de paixão, sonhos, ambições, de vida e esperança subitamente desaparecidas".

A meio da tarde "Não quero saber dos detalhes, mas um amigo disse-me que o tipo acorrentou as portas do Norris Hall. Só vejo porcos num matadouro... Nem consigo começar a imaginar.". Ontem, bem cedo, publicou os nomes de 14 mortos. Não voltou a escrever.

Outro blogger da Virginia Tech, Paul, também escreveu. Menos. Escreveu como foi a ansiedade de não saber da namorada, testemunha directa da matança, e o alívio de a ver apenas ferida, na mão, por uma bala perdida. Mais calmo, ao fim do dia, falou por todos "O que aconteceu vai afectar-nos a todos, independentemente de conhecermos ou não alguma das vítimas. E teremos de estar aí, uns para os outros, para vencer o louco trauma que, sem dúvida, ganhámos com esta experiência".

JN, 28-4-2007

 
At quinta-feira, abril 19, 2007 12:01:00 da manhã, Blogger rjms said...

O sul-coreano "reservado" que matou 32 pessoas antes de se suicidar

MANUEL RICARDO FERREIRA, Nova Iorque

Um sul-coreano de 23 anos foi ontem identificado como autor do pior massacre de sempre numa escola americana. A polícia revelou que Cho Seung-hui, aluno da universidade Virginia Tech, foi responsável pelos disparos que, na segunda-feira, fizeram 32 mortos. O estudante de Inglês, que parece ter agido sozinho, terá acabado por se suicidar. À tarde, alunos e professores participaram numa reunião informal na presença do Presidente George W. Bush. Para a noite estava prevista uma vigília.

Cho chegou aos EUA há 14 anos e viveu em Centreville até se mudar para o campus. Os vizinhos dizem tratar-se de alguém reservado. Na sua mochila, foi encontrado um recibo da compra, em Março, de uma das armas usadas no tiroteio. A polícia disse que os números de série de ambas as armas foram raspados, para dificultar a identificação.

A identidade de Cho só foi confirmada ontem de manhã após comparação das impressões digitais com o registo dos serviços de Imigração.

Cho terá tido uma altercação no dormitório com uma mulher e com outro aluno. Depois de os matar, foi para o seu quarto, onde deixou uma nota a dizer: "Vocês obrigaram-me a fazer isto". Dirigiu-se depois para o Norris Hall, um edifício no lado oposto do campus, a 15 minutos a pé.

Aí, trancou as portas e matou outras 30 pessoas, antes de se suicidar. Um dos professores mortos foi Liviu Librescu. Nascido na Roménia, tinha 87 anos e nacionalidade israelita. Era famoso pelas investigações em engenharia aeronáutica. Num e-mail, o seu filho explicou que o pai "bloqueou a porta com o corpo e disse aos alunos para fugirem. Estes abriram as janelas e saltaram".

Outro professor morto foi Kevin Granata, que estudava robótica ligada à resposta reflexa dos músculos. |

DN, 18-4-2007, pág. 5

 
At quinta-feira, abril 19, 2007 12:03:00 da manhã, Blogger rjms said...

"Há armas à venda no supermercado"

HELENA TECEDEIRO

"Ouvi sirenes, mas pensei que eram os bombeiros por causa do mau tempo", conta Fernando Freitas ao DN ainda chocado com o pior massacre de sempre numa escola americana. Este português de 22 anos estava em casa, no limite do campus da universidade de Virginia Tech, quando começou o tiroteio que fez 33 mortos na segunda-feira. Nos EUA a fazer o estágio final da licenciatura, Freitas recebeu o e-mail enviado pela escola a avisar os alunos para ficarem em casa e afastados das janelas, mas só quando uma colega, a portuguesa Ana Filipa Filipe, o contactou, percebeu que "andava um homem aos tiros e havia dois feridos."

Aluno da Universidade do Porto, Fernando Freitas decidiu fazer o estágio no instituto de Bioinformática da Virginia Tech por ter "um ambiente calmo e agradável." É um dos cinco portugueses a estudar ou trabalhar naquela universidade da Virginia onde um aluno sul-coreano lançou o pânico ao matar 32 pessoas antes de se suicidar. Freitas, que não conhecia Cho Seung-hui nem nenhuma das suas vítimas, telefonou logo à família a dizer que estava bem. E quando regressar às aulas, suspensas por uma semana, admite que vai "olhar para todos os lados" até se voltar a sentir seguro.

Diogo Camacho, outro dos portugueses a estudar no instituto de Bioinformática da Virginia Tech, soube ontem que um dos seus amigos foi baleado durante o tiroteio. O aluno disse estar em estado de choque e preferir não fazer comentários.

Investigadora no mesmo instituto onde Freitas e Camacho estudam, Ana Martins estava no campus quando aconteceu o tiroteio. "Vi carros da polícia e ambulâncias, mas não ouvi nada", relata a portuguesa de 35 anos. Apesar do aparato, Ana Martins seguiu para o instituto: "Quando cheguei, as portas estavam fechadas. A recepcionista é que me disse que houve um tiroteio". Quando falou com o DN, a investigadora ainda não tinha saído de casa por não estar "com cabeça para trabalhar", mas preparava-se para assistir a uma vigília em homenagem às vítimas.

Foi há quatro anos que Ana Martins trocou Lisboa pela Virgínia para fazer um pós-doutoramento. A tranquilidade das montanhas Blue Ridge convenceram-na a ficar. "É calmo, podemos dormir sem trancar a porta", garante a investigadora.

Os portugueses dizem não ter uma explicação para o massacre, mas apontam a facilidade com que se compra uma arma nos EUA como motivo para os frequentes tiroteios em escolas americanas. "Há armas à venda no supermercado", diz Ana Martins que explica ser esse uma das razões para voltar à Europa. Até porque a investigadora não acredita que a lei vá mudar. "O Governo pensa primeiro no dinheiro e depois nas pessoas. É um grande lóbi", diz.

Professor de estudos africanos, Paulo Polanah é o outro dos cinco portugueses em Virginia Tech. A embaixada de Portugal em Washington disse haver dois alunos lusodescendentes, mas sem os identificar. |

DN, 18-4-2007, pág. 4

 
At quinta-feira, abril 19, 2007 11:29:00 da tarde, Blogger rjms said...

Assassino já havia sido interrogado pela Polícia

Pedro Olavo Simões

Cho, como já é familiarmente tratado em toda a Imprensa internacional, era, afinal, um jovem perturbado que já havia dado múltiplos sinais de instabilidade. Não só pelos indícios que transpareciam dos seus trabalhos de escrita criativa, para o que um professor tinha alertado em 2005, como por ter chegado a ser interrogado pela Polícia, por suspeita de assédio a uma colega, como por perturbar outras raparigas que não apresentaram queixa. Mesmo assim, teve margem de acção para se munir de duas pistolas e matar 32 pessoas no campus da universidade Virginia Tech, onde uma aparente calma sucedeu ao terror.

Sabe-se agora, também, que Cho Seung-hui chegou a ter acompanhamento psiquiátrico por apresentar tendência para o suicídio. Mas ninguém previu que ali estaria o maior "mass murderer" na história das escolas americanas. Os escritos que fazia no âmbito do curso - poemas, essencialmente, mas também algumas coisas de ficção - eram "violentos e desconcertantes", segundo um professor, mas "não faziam prever esta tragédia".

Ainda não tinha sido difundida uma lista oficial das pessoas que morreram. Embora muitos dos mortos tenham sido identificados por familiares e amigos, o caos da cena do crime, com os bens pessoais de todos espalhados pelo piso 2 do Norris Hall, onde morreu a maior parte das pessoas, dificultou a tarefa. O próprio atirador foi, primeiro, identificado pela carta de condução, mas a certeza de que era o assassino só surgiu através do confronto das impressões digitais na arma com as de um pedido de cartão Visa. Cho levava com ele várias facas e, na mochila, tinha uma receita de medicamentos usados em psiquiatria, não tendo sido especificado quais as substâncias em causa.

Os tiroteios coincidiram com o dia da memória das vítimas do Holocausto. E um dos mortos foi Liviu Librescu, de 76 anos, um sobrevivente do Holocausto, agora assumindo uma dimensão heróica, porque foi abatido quando tentava bloquear a entrada da sala de aula, permitindo que os alunos saltassem pela janela.

JN, 19-4-2007

 
At quinta-feira, abril 19, 2007 11:43:00 da tarde, Blogger rjms said...

A paixão não correspondida que irritou o assassino

HELENA TECEDEIRO

Emily Hilscher tinha 18 anos e uma grande paixão por cavalos. Foi esta que a levou até Virginia Tech para estudar Ciências Animais. Mas a rapariga de Rappahannock, uma pequena cidade com sete mil habitantes, viu o sonho interrompido na segunda-feira ao ser baleada por Cho Seung-hui. Emily foi a primeira das 32 vítimas do sul-coreano que se suicidou antes de ser capturado.

Testemunhas do tiroteio citadas pela imprensa americana garantem que Emily e Cho se envolveram numa discussão no dormitório da rapariga. Ryan Clark, que ocupava o quarto ao lado, terá tentado intervir, mas não conseguiu impedir a morte da aluna. O conselheiro, de 22 anos, acabou por ser a segunda vítima. Eram 7.15. Duas horas depois, o atirador, empunhando duas armas, percorreu os corredores de um edifício onde se situam as salas de aula, do outro lado do campus, onde matou outras 30 pessoas antes de se suicidar.

Mas tudo terá começado por causa de Emily. Numa página em sua homenagem criada no site Facebook, os colegas da caloira deixaram fotografias e mensagens nas quais a descrevem como uma boa aluna que passava a maior parte do tempo a montar a cavalo e queria ser veterinária.

"Estou interessada em quase tudo" dizia a própria Emily na sua página no site MySpace. Nascida numa cidade de sete mil habitantes perdida nas montanhas da Virgínia, a rapariga dos olhos azuis gostava de música e de dançar. Foi também ao diário electrónico que confessou estar apaixonada. "Eu vivo, amo e sou rejeitada, mas isso vai mudar. Agora tenho um rapaz maravilhoso que vai mudar tudo", escreveu Emily.

Terá sido esse namoro a despertar a raiva de Cho? Talvez. Mas esta não era a primeira vez que o sul-coreano de 23 anos perseguia uma rapariga. A polícia revelou ontem que Cho já estivera internado num hospital psiquiátrico em 2005, depois de duas alunas terem apresentado queixa por assédio sexual.

Em conferência de imprensa, o chefe da polícia do campus não adiantou quanto tempo Cho esteve internado, mas disse que as autoridades perderam o contacto com o aluno.

Problemas mentais

Foi também no Outono de 2005 que Lucinda Roy, responsável pelo Departamento de Inglês de Virginia Tech, começou a ficar preocupada com o conteúdo dos textos de Cho. Apesar de a polícia não ter encontrado "uma ameaça" nas suas peças de teatro, Roy disse em entrevista à CNN que o seu conteúdo era "perturbante": o aluno relatava o assassínio de um professor e revelava ódio pelo padrasto.

O estranho comportamento de Cho também foi notado pelos seus colegas de quarto. Joseph Aust e Karan Grewal contaram à ABC que o sul-coreano era calmo e quase não falava com eles. "Tentei meter conversa, mas ele só respondia com monossílabos. Nunca me olhava nos olhos", explicou Aust. E com o tempo, os sinais de perturbação foram aumentando: "Nas últimas semanas, levantava-se de madrugada e depois passava a tarde a dormir", revelou.

Aust e Grewal explicaram ainda que Cho já tinha perseguido três mulheres e que uma delas "se passou com o seu comportamento". Os dois rapazes garantiram ainda que o seu colega de quarto tinha uma namorada imaginária chamada Jelly, que ele dizia ser modelo.

Pista errada

Um dos mistérios em torno do massacre em Virginia Tech prende-se com o lapso de duas horas entre o primeiro e o segundo tiroteio. E no facto de a polícia não ter evacuado a universidade. O New York Times revelou ontem que os agentes podem ter sido enganados por uma primeira pista falsa. Entre a morte de Emily Hilscher e Ryan Clark, no dormitório, e a morte das outras 30 pessoas nas salas de aula, a polícia andou à procura do homem errado.

A colega de quarto de Emily terá alertado os agentes para o facto de o namorado da rapariga, Karl Thor-nhill, ter espingardas em casa. Estudante na universidade vizinha de Radford, o rapaz praticava tiro. "Enquanto os agentes o interrogavam, foram informados que estava a acontecer uma massacre" em Virginia Tech, escreveu o New York Times.

Durante este tempo, Cho terá regressado ao seu quarto, levado mais munições e atravessado o campus até aos edifícios onde decorriam as aulas. Aí, trancou as portas e começou a disparar sobre alunos e professores, antes de se suicidar. No seu quarto, a polícia encontrou uma nota na qual denunciava o "deboche" dos "meninos ricos" e dizia: "Vocês obrigaram-se a fazer isto".

O governador da Virgínia, Tim Kaine, disse à AFP que já ordenou a abertura de um inquérito para apurar exactamente o que aconteceu no maior massacre de sempre numa escola americana. |

DN, 19-4-2007, pág. 26

 
At sexta-feira, abril 20, 2007 7:54:00 da tarde, Blogger rjms said...

"Morro como Jesus Cristo"

Pedro Olavo Simões

Dor, estupefacção e raiva decorrentes da matança da universidade Virginia Tech perderam notoriedade, com as mensagens do assassino que ontem noticiámos e foram, entretanto, semeadas aos quatro ventos pelos media. Talvez daí tenha resultado, como muitos analistas notam, o triunfo do assassino suicida mostrou-se, ganhou a notoriedade que preparou meticulosamente, fez saber que morria "como Jesus Cristo, para inspirar gerações de pessoas fracas e indefesas". Louco, aos olhos da maioria, será também visto como mártir por alguns, parecidos com ele próprio, que divinizou os assassinos do liceu Columbine.

Repetidas à saciedade, as frases de Cho Seung-hui, em geral desconexas e vagas, denotam um forte sentimento anti-social e um ódio generalizado e não direccionado "vocês" é o vocativo mais usado, mas de uma forma difusa, atacando a generalidade dos que o rodeavam: "Tinham tudo o que queriam, mas os vossos Mercedes não chegavam, seus fedelhos. Os vossos colares de ouro não chegavam, seus snobes. Os vossos fundos financeiros não chegavam. A vossa vodka e conhaque não chegavam. Toda a vossa libertinagem não chegava. Essas coisas não eram suficientes para satisfazer as vossas necessidades hedonísticas".

Assim, acusando, de certo modo, tudo e todos, o atirador, que se queixou de ter o coração vandalizado, a alma torturada e a consciência incendiada, pode afirmar-se impelido a fazer o que fez "Encurralaram-me num canto e deram-me uma só opção. A decisão foi vossa. Agora, têm sangue nas mãos e nunca conseguirão lavá-lo".

Sem sangue nas mãos, mas com lágrimas escorrendo pelos rostos ou pelas almas, todos os que formam a comunidade académica tentam, lentamente, curar as feridas, físicas e psicológicas.

E, em catadupa, vão sendo revelados detalhes que nunca servirão para dar sentido ao mais brutal assassínio em massa, perpetrado por um só homem, na história dos Estados Unidos. Contrariando o que antes fora noticiado, responsáveis da universidade garantiram, ontem, não ter conhecimento do acompanhamento psiquiátrico a Cho, decretado em finais de 2005 por um juiz. Segundo Chris Flynn, director do centro de aconselhamento da Virginia Tech, o hospital não comunicou à Universidade, que dera alta ao estudante, porque a instituição não estava envolvida no processo.

Agora, o governador da Virginia, Tim Kaine, anuncia que será criada uma comissão independente para investigar a fundo o relacionamento de Cho Seung-hui com o sistema estadual de saúde mental, bem como os procedimentos da Universidade no dia dos tiroteios, que tem sido fortemente contestado.

Difusão das imagens criticada

Além de uma mensagem de correio electrónico, enviada a meio da matança, Cho Seung-hui fez chegar à NBC uma encomenda postal, remetida por falsa identidade, em que havia 1800 palavras em texto, 43 fotos do próprio, em poses como as que aqui mostramos, e 28 pequenos filmes, com mensagens perturbadoras. A difusão de algum desse material em vídeo, primeiro pela NBC, depois por cadeias de televisão de todo o Mundo, está a ser moralmente questionada.

Steve Flaherty, superintendente da Polícia Estadual da Virginia, foi o primeiro a pronunciar-se, agradecendo a colaboração da NBC com as autoridades mas lamentando a decisão de difundir as imagens em canal aberto. "Muita gente viu imagens que são muito perturbantes", disse, acrescentando "Este é o tipo de imagens que nós, neste tipo de trabalho, temos de ver, e fico preocupado ao saber que pessoas que não estão habituadas as tenham visto". Seja como for, fontes policiais disseram que as imagens de Cho, vociferando e apontando as armas à câmara, acrescentaram pouco à investigação.

Além das imagens filmadas pelo próprio assassino, os telespectadores de todo o Mundo viram, também, como essas mesmas imagens eram vistas, em ecrãs gigantes, no próprio campus da Virginia Tech, onde ainda todos tentam lidar com o trauma da carnificina.

Steve Capus, presidente da NBC, fez saber que as imagens foram exaustivamente analisadas e discutidas antes de serem postas no ar, descrevendo esse processo como "muito duro" "Tentámos, ao máximo, respeitar as famílias envolvidas e a investigação".

No que respeita às muitas vozes que se levantam com o procedimento da NBC, acusando a cadeia televisiva de ter dado a Cho Seung-hui a notoriedade que ele mesmo desejava, Capus, reconhecendo haver material que "nunca deverá ser difundido", justificou-se com o interesse público "Há pessoas que querem e necessitam de saber o que se passava na cabeça dele, o que o levou a fazer isto".

JN, 20-4-2007

 
At sexta-feira, abril 20, 2007 7:59:00 da tarde, Blogger rjms said...

Investigação

PJ apreendeu 15 armas de fogo a elementos de extrema-direita

Também explosivos e mais de um milhar de munições de vários calibres

A Polícia Judiciária (PJ) apreendeu diversas armas e munições na operação realizada, quarta-feira, que levou à detenção de 31 elementos de extrema-direita.
"O conjunto de armas - de diversos portes, natureza e calibre - e munições apreendido aos 31 arguidos integra cerca de dezena e meia de armas de fogo, explosivos, mais de um milhar de munições de vários calibres, dezenas de armas brancas, soqueiras, mocas, bastões, tacos de basebol e aerossóis", refere a PJ em comunicado.

O texto explica que a “vasta operação policial em diversos pontos do território nacional (com particular incidência na Área Metropolitana de Lisboa)” foi o culminar de uma “investigação judiciária iniciada em 2004 visando elementos conotados com sectores da extrema-direita violenta”.

No total, foram feitas “55 acções de busca e apreensão", numa intervenção policial que mobilizou 190 investigadores de diversas áreas da PJ e levou à “detenção de 31 pessoas, 27 das quais em flagrante delito, na posse ou em poder de armas proibidas e material informático, utilizado enquanto plataforma ou veículo de difusão do ódio, violência e discriminação racial".

Dez detidos foram presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, tendo um ficado em prisão preventiva (Mário Machado), três em prisão domiciliária e os restantes obrigados a apresentações periódicas às autoridades.

JN, 20-4-2007

 
At sexta-feira, abril 20, 2007 11:38:00 da tarde, Blogger rjms said...

LEMBRE-SE: LIVIU LIBRESCU

Ferreira Fernandes

Osemimaluco dos tiros já é recordista. Até outra carnificina, mesmo que seja daqui a 50 anos, lá teremos o nome e a foto do semimaluco. Ou talvez não: se o recorde de mortos for muito ultrapassado talvez o semimaluco de hoje já não tenha foto, só nome. Em carnificinas, a única coisa que apaga um semimaluco é um semimaluco maior. E, no entanto, é tão fácil ser semimaluco: basta ser imbecil. Entretanto, já esta semana, Liviu Librescu vai virar número. Li..., quê? É um dos 31. Já aos dez anos passou uma tangente a ser número. Era de Foscani, na Roménia, onde os nazis fecharam em guetos e mataram os judeus como ele. Mataram 280 mil, mas ele escapou desse número. Tornou-se professor. Estava a dar aulas quando o semimaluco apareceu. Ele, um dos 31, que não sabia ainda que era um mero um dos 31, fez frente. Diz Caroline Merrey, sua aluna: "Se ele não estivesse lá, eu teria sido morta." Ele: Liviu Librescu. Os nomes conquistam-se.

DN, 20-4-2007, pág. 48

 
At sexta-feira, abril 20, 2007 11:45:00 da tarde, Blogger rjms said...

O filho de sul-coreanos que quis matar os ricos

HELENA TECEDEIRO

"Vandalizaram o meu coração, violaram a minha alma e incendiaram a minha consciência", diz Cho Seung- -hui num vídeo enviado à NBC na segunda-feira, dia em que matou 32 pessoas antes de se suicidar na universidade de Virginia Tech, e ontem divulgado pela estação de televisão. A frase é reveladora da perturbação deste sul-coreano de 23 anos, cuja família emigrou para os EUA em 1994 em busca de uma vida melhor. A imprensa especulava ontem que o crime pode ter sido inspirado num filme de um sul-coreano.

Na Coreia do Sul, a família Cho vivia num apartamento alugado num subúrbio de Seul. O mais barato do prédio, explicou o antigo senhorio, Lim Bong-ae, ao Chosun Ilbo, o maior jornal do país. Lim disse ainda que a família viviam com dificuldades. Cho Seung-hui tinha oito anos quando trocaram os subúrbios de Seul pelos arredores de Washington. Foi em Centreville, cidade de 50 mil habitantes que viveu até se mudar para o campus da Virginia Tech, em 2003.

Donos de uma lavandaria, os pais do atirador, Cho Sung-tae, 61 anos, e a mulher, Cho Hyang-ai, 51, seguiram a tradição dos coreanos que imigram para os EUA ao montar um negócios e mandar os filhos estudar. Os dois milhões de pessoas da comunidade têm reputação de trabalhadores incansáveis. Cho Seung-hui estava a licenciar-se em Inglês. A irmã mais velha, Cho Sun-kyung, formou-se em Economia em Princeton e trabalha para o Departamento de Estado, na ajuda à reconstrução no Iraque.

A história de vida de Cho não parece, contudo, explicar a raiva que revela na mensagem que enviou à NBC. Mas a imprensa americana avançou ontem que Cho se pode ter inspirado no filme Oldboy do sul-coreano Park Chan-woo. A película, de 2004, conta a história de um homem preso injustamente e que, ao escapar, mata várias pessoas com um martelo. Numa das imagens enviadas por Cho, este também empunha um martelo.

Colocado no correio às 9.01 de segunda-feira - uma hora e 45 minutos depois do primeiro tiroteio e pouco antes do segundo - o pacote incluía um DVD com 27 vídeos de curta duração e 43 fotografias do atirador com várias armas. Nas imagens, Cho lê um longo manifesto.

A encomenda só chegou à NBC na quarta-feira porque a morada estava errada. O pacote ia em nome de A. Ishmael e foi entregue ao FBI. Quando o seu corpo foi encontrado, o atirador tinha tatuado no braço "Ismael Ax" (o machado de Ismael).

Mentalmente perturbado - fora internado num hospital psiquiátrico em 2005 - Cho começou as gravações seis dias antes do massacre. As últimas foram gravadas minutos antes do segundo tiroteio. "Tiveram hipótese de evitar isto. Mas decidiram derramar o meu sangue", diz num dos vídeos em que critica os "Mercedes", a "vodka" e o "deboche" dos ricos. As suas vítimas vão receber uma licenciatura póstuma.

DN, 20-4-2007, pág. 26

 
At quinta-feira, abril 26, 2007 4:20:00 da tarde, Blogger rjms said...

Lágrimas e confiança no regresso às aulas dos alunos de Virginia Tech

Helena Tecedeiro *

A duas semanas do fim do ano lectivo, estudantes vêem aulas como terapia
O sino tocou 32 vezes enquanto balões brancos foram ontem lançados para os céus da Virgínia para homenagear as 32 vítimas de Cho Seung-hui, o sul-coreano que há uma semana protagonizou o mais sangrento tiroteio de sempre numa escola dos EUA. No primeiro dia de aulas após o massacre, milhares de alunos e funcionários regressaram à universidade de Virginia Tech e reuniram-se em torno de um memorial improvisado.

Eram muitos os que choravam quando mais de mil balões com as cores da universidade - laranja e bordeaux - foram largados, depois de um minuto de silêncio cumprido às 09.45 (mais cinco horas em Lisboa). "Quero voltar para as aulas para estar com os outros alunos. Se não formos às aulas, vamos voltar para casa a pensar nisso", disse à ABC Ryanne Floyd, uma dos 25 mil alunos de Virginia Tech. Um aluno de primeiro ano ouvido pela AFP também se mostrou "feliz por estar de volta".

A duas semanas do fim do ano lectivo, os estudantes vêem nas aulas uma espécie de terapia para esquecer a tragédia do dia 16. "Foi difícil manter a motivação durante esta semana", admitiu David Anderson, um aluno originário do Massachusetts.

As cerimónias em Virginia Tech começaram às 07.15, à mesma hora em que Cho matou as suas duas primeiras vítimas num dos dormitórios do campus. Um pequeno grupo de estudantes reuniu-se ontem para uma cerimónia religiosa no relvado junto ao dormitório. Acompanhados pela banda da escola, os alunos seguiram em procissão até ao edifício onde Cho matou as outras 30 vítimas antes de se suicidar. Os estudantes empunhavam 33 bandeiras brancas - uma por cada vítima e uma pelo assassino - que colocaram no fim do relvado. Quem passava por lá deixava velas, flores, bandeiras dos EUA e pequenos peluches.

Apesar de a tragédia ainda estar bem fresca na memória de todos, a maioria dos alunos afirmou-se ontem disposto a terminar o ano lectivo com nota positiva. Era o caso de Morgan Whitehead. Este caloiro passou o fim-de-semana em casa dos pais mas garantiu à AFP: "Não há outro lugar onde gostasse mais de estar do que em Blacksburg."

Para Patrick Drioma, o massacre não passa de um incidente isolado e "Virginia Tech não está menos segura agora do que era antes", garantiu à BBC este aluno do primeiro ano.

Praticamente deserta desde o tiroteio da semana passada, Virginia Tech começou a ganhar vida no domingo com o regresso dos alunos que vivem no campus. Muitos chegaram acompanhados pelos pais. Após uma semana de forte interesse mediático, a universidade proibiu agora o acesso dos jornalistas.

No domingo à noite, teve lugar uma primeira homenagem às vítimas na catedral de Washington. A cerimónia começou com uma procissão durante a qual acenderam uma vela por cada uma das vítimas e uma por Cho. *Com agências

DN, 24-4-2007, pág. 28

 

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