03 outubro 2007

Vendas

Os grandes números

"EUA responsáveis por um terço das vendas de armas no mundo

HELENA TECEDEIRO

Em 2006, os EUA mantiveram o primeiro lugar na venda de armas no mundo, revelou um relatório do Congresso ontem divulgado em Washington. Num ano em que o comércio de armamento para os países em desenvolvimento movimentou 28,8 mil milhões de dólares, o Governo americano foi responsável por 36% desses negócios. Em segundo lugar surge a Rússia, com 28%, e em terceiro o Reino Unido, com 11%. Estes números revelam uma diminuição de 13% nas vendas em relação a 2005.
O relatório intitulado Transferência de Armas Convencionais para as Nações em Desenvolvimento revela ainda que os três principais compradores foram o Paquistão, a Índia e a Arábia Saudita.
O New York Times, que teve acesso a estes dados, afirma que a guerra no Iraque e no Afeganistão contribuiu para a corrida ao armamento nos países vizinhos. Mas, feitas as contas, compraram-se menos armas no mundo em 2006 do que em 2005. O texto, elaborado pelo gabinete de investigação do Congresso, explica que para esse facto contribuiu o aumento do petróleo, que levou os países em desenvolvimento, que não são exportadores, a redireccionar as verbas da Defesa para a Energia.
O facto de países como a França, a Alemanha e a Itália terem diminuído para cerca de metade as suas vendas de armas aos países em desenvolvimento contribuiu para a tendência de abrandamento deste negócio em 2006.
Outro factor é a ameaça nuclear iraniana. Em 2005, a Rússia assinou um acordo de 700 milhões de dólares com Teerão para a venda de mísseis terra-ar. Mas, em 2006, Moscovo preferiu não assinar contratos milionários com o regime iraniano. Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a Rússia absteve-se de uma atitude que seria vista como provocadora num momento em que estão em debate novas sanções para levar Teerão a suspender o enriquecimento de urânio.
Mas Moscovo não hesitou em assinar um acordo de mil milhões de dólares com a Venezuela para a venda de duas dúzias de aviões de combate Su-30. O Presidente Hugo Chávez, conhecido pelo antiamericanismo, comprou ainda a Moscovo um grande número de kalashnikovs.
Com negócios de 10,3 mil milhões de dólares, os EUA mantiveram, contudo, a liderança deste mercado. A Rússia, conseguiu 8,1 mil milhões e o Reino Unido, 3,1 mil milhões.
O maior comprador foi o Paquistão, que gastou 5, 1 mil milhões de dólares em armas em 2006. A Índia, com 3,5 mil milhões, surge em segundo e a Arábia Saudita em terceiro, com 3,2 mil milhões."

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DN, 2-10-2007